A vacina é uma preparação biológica que fornece imunidade adquirida contra uma doença específica. Ela contém antígenos, que estimulam o organismo a produzir anticorpos contra o agente infeccioso, sejam vírus ou bactérias. Esses agentes se assemelham a um micro-organismo causador de doença, geralmente feitos a partir de formas enfraquecidas ou mortas dos micróbios, suas toxinas ou um de seus componentes de superfície.

A importância das vacinas reside na sua capacidade de prevenir doenças infecciosas que, no passado, causaram milhares de mortes e debilidades. Ao promover a imunização em massa, as vacinas protegem os indivíduos vacinados e contribuem para a imunidade coletiva, reduzindo a propagação de patógenos e protegendo, também, aqueles que não podem ser vacinados, como pessoas com imunodeficiência ou alergias aos componentes da vacina.

O conceito de vacinação tem suas raízes na prática da variolação, observada séculos atrás em várias culturas. No entanto, o marco inicial da vacinação moderna é geralmente atribuído a Edward Jenner, um médico inglês que, em 1796, usou material coletado de lesões de varíola bovina para imunizar uma criança contra a varíola. Este ato é considerado o nascimento da vacinação como a conhecemos. Desde então, o campo da imunologia e das vacinas evoluiu bastante, com o desenvolvimento de vacinas para inúmeras doenças ao longo dos séculos XIX e XX, culminando na moderna biotecnologia que permite a criação de vacinas mais seguras e eficazes.

A vacina age no sistema imunológico ao simular uma infecção, sem que exista o risco real de contaminação. Quando uma vacina é administrada, o sistema imunológico reconhece os componentes da vacina como estranhos e inicia uma resposta imune. Isso envolve a ativação de linfócitos T e a produção de anticorpos por linfócitos B. Esses anticorpos permanecem no organismo, proporcionando uma “memória imunológica”.

Assim, se a pessoa for exposta ao agente infeccioso real no futuro, o sistema imunológico estará preparado para reconhecê-lo e combatê-lo rapidamente, prevenindo a doença ou reduzindo significativamente sua gravidade.

Existem vários tipos de vacinas, cada uma projetada para ensinar o sistema imunológico a lutar contra doenças de maneiras específicas:

Vacinas Atenuadas: Utilizam uma versão enfraquecida do vírus ou bactéria para estimular uma resposta imune sem causar a doença em pessoas saudáveis. Exemplos incluem as vacinas contra sarampo, caxumba e rubéola.

Vacinas Inativadas: Contêm o vírus ou bactéria morto ou inativado, incapaz de se replicar, mas ainda capaz de provocar uma resposta imune. A vacina contra a gripe é um exemplo comum.

Vacinas Polissacarídicas ou Conjugadas: Direcionam partes específicas dos patógenos, como os polissacarídeos de sua superfície, para induzir uma resposta imune. As vacinas pneumocócicas e meningocócicas são exemplos desse tipo.

Vacinas de RNA Mensageiro (mRNA): Uma abordagem mais recente que usa material genético do patógeno para instruir as células do corpo a produzirem uma proteína do patógeno, desencadeando uma resposta imune. As vacinas contra a COVID-19 da Pfizer-BioNTech e Moderna são exemplos.

Podemos considerar que as vacinas mais importantes são aquelas que previnem doenças com altas taxas de morbidade e mortalidade, ou que representam sérios riscos de surtos e epidemias.

A vacina BCG, administrada logo após o nascimento, é essencial na prevenção da tuberculose, especialmente as formas graves da doença em crianças, como meningite tuberculosa e tuberculose miliar. A vacina contra a Hepatite B, outra crucial desde os primeiros dias de vida, oferece proteção contra o vírus da Hepatite B, que pode levar a doenças hepáticas crônicas e câncer de fígado.

Outro exemplo é a vacina contra a poliomielite, uma doença que pode causar paralisia permanente em crianças. Graças a esforços globais de vacinação, a poliomielite está à beira da erradicação, com casos notificados apenas em pouquíssimos países. A vacina Tríplice Bacteriana (Vacina DTP), que protege contra difteria, tétano e pertussis (coqueluche) também é essencial desde a infância, prevenindo doenças que podem ser fatais. Sob essa mesma lógica, a vacina contra o sarampo protege crianças pequenas de complicações graves.

Outros exemplos de vacinas indispensáveis para cuidar da saúde pública são a vacina contra a gripe, para prevenir surtos anuais da doença, além da vacina contra a Covid-19, que foi essencial para o controle da pandemia. A vacina contra o HPV, que previne o vírus do papiloma humano, é outra inovação significativa, recomendada para pré-adolescentes e adolescentes para evitar vários tipos de câncer.

A eficácia de uma vacina é medida pela sua capacidade de prevenir a doença em pessoas vacinadas, comparada àquelas não vacinadas, em condições controladas de ensaios clínicos. Isso é frequentemente expresso em porcentagem. Por exemplo, uma vacina com 90% de eficácia significa que há uma redução de 90% no número de casos da doença entre o grupo vacinado em comparação com um grupo não vacinado.

A eficácia é avaliada através de estudos de fase III, nos quais grandes grupos de pessoas recebem a vacina ou um placebo. Os pesquisadores acompanham esses indivíduos por um período para registrar o número de casos da doença. A diferença na incidência da doença entre os grupos vacinados e não vacinados indica a eficácia da vacina. Além disso, a segurança e a capacidade de induzir uma resposta imune (imunogenicidade) são rigorosamente avaliadas.

As vacinas são seguras porque passam por um rigoroso processo de pesquisa, desenvolvimento e testes antes de serem aprovadas para uso pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) no Brasil.

Esse processo inclui várias fases de ensaios clínicos que avaliam a segurança, eficácia e os possíveis efeitos colaterais em diferentes grupos de pessoas. Após a aprovação, as vacinas continuam sendo monitoradas para garantir sua segurança e eficácia a longo prazo. Além disso, as vacinas são produzidas seguindo padrões de qualidade muito rigorosos.

A baixa cobertura vacinal é uma preocupação significativa, pois pode levar ao ressurgimento de doenças controladas ou erradicadas. No Brasil, a diminuição nas taxas de vacinação tem levantado alertas sobre o aumento do risco de surtos de doenças como sarampo, poliomielite e difteria. A alta cobertura vacinal é essencial para manter a imunidade coletiva, protegendo não apenas os indivíduos vacinados, mas também aqueles que não podem ser vacinados por motivos médicos, reduzindo assim a circulação de doenças contagiosas.

A principal diferença entre soro e vacina está na sua composição e no momento de uso. A vacina contém agentes patogênicos atenuados ou inativados, ou partes desses agentes, e é usada para prevenir doenças, estimulando o sistema imunológico a produzir uma resposta imune que resultará em imunidade de longo prazo contra a doença específica.

O soro, por outro lado, é um produto que contém anticorpos prontos, sendo utilizado para tratamento imediato após a exposição a uma doença ou veneno. Os soros oferecem proteção imediata, mas temporária, contra a doença ou toxina, não induzindo uma memória imunológica duradoura como as vacinas.

No Brasil, algumas vacinas não são oferecidas pelo SUS, e só podem ser encontradas na rede privada. Isso inclui, mas não se limita a:

• Vacina contra a Meningite B.

• Vacina contra HPV para pessoas acima de 14 anos.

• Vacina Herpes Zoster.

• Vacina de Rotavírus Pentavalente.

• Vacina Gripe Tetravalente.

  A principal diferença entre as vacinas oferecidas pelo SUS e as disponíveis na rede particular está na variedade e nos esquemas de vacinação. O SUS fornece gratuitamente vacinas essenciais, seguindo as diretrizes do Programa Nacional de Imunizações (PNI). As vacinas são escolhidas com base nas necessidades de saúde pública do país, focando em prevenir doenças comuns e controlar surtos.

  Já as clínicas particulares, seguindo orientações da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), podem oferecer vacinas adicionais ou com coberturas mais amplas, como a meningocócica B e a vacina tetravalente contra a gripe, que não estão disponíveis no SUS. Essas vacinas da rede privada permitem uma proteção mais abrangente e personalizada, complementando o programa de vacinação do governo, que visa garantir a saúde coletiva e a eliminação de doenças imunopreveníveis no país.

O calendário de vacinação infantil do Brasil é um dos mais completos do mundo, oferecendo proteção contra diversas doenças desde os primeiros dias de vida. Algumas das vacinas incluídas são:

• BCG: contra formas graves de tuberculose, aplicada ao nascer.

• Hepatite B: primeira dose nas primeiras 24 horas de vida.

• Pentavalente: protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo b.

• Poliomielite: vacina inativada (VIP) e vacina oral (VOP).

• Pneumocócica 10-valente.

• Rotavírus humano.

• Meningocócica C conjugada.

• Febre amarela.

• Tríplice viral: contra sarampo, caxumba e rubéola.

• DTP (Difteria, Tétano e Pertussis) e a vacina contra varicela no reforço.

  Este calendário é atualizado periodicamente para refletir as necessidades de saúde pública e as recomendações de especialistas em imunização, garantindo a proteção das crianças contra as doenças mais comuns e perigosas.